sábado, 7 de novembro de 2009

Chifley Library

Vou sentir a falta desta biblioteca. Nas matérias que me interessam agora, ela é excepcionalmente recheada. Às pesquisas que já fiz, ainda queria acrescentar mais umas quantas obras relevantes. Por isso, apesar de amanhã ser domingo, lá voltarei. E talvez também vá na 2ª feira, numa ultima visita antes de deixar Canberra.







sexta-feira, 6 de novembro de 2009

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Mu-ralkarra (Crow)

[poema aborígene e sua tradução]

Mu-ralkarra (Crow)

Birrirra bordja
garma bordja
garanyula-nyula
Warduba drirribanga
gurta birriraia
wak wak wak

Crow rises to dance
perched on Hollw-log Coffin
at his forest camp.
Crows of the Wardubalma clan
dance like stars in the night sky
calling "wak, wak, wak".

Aborígenes australianos

Ontem, ao jantar, parte da conversa foi sobre a cultura dos aborígenes australianos, a sua fineza de pensamento e a sua compreensão do funcionamento dos sistemas naturais.

A sua história de caçadores-recoletores, nómadas num território cheio de recursos e cheio de dificuldades, manteve-se durante centenas de milhar de anos. Manteve-se quase inalterada até que ao seu território chegaram os primeiros brancos, estrangeiros na Austrália.

Não há nada de que se possam orgulhar. Selvaticamente dizimaram as comunidades nativas, usando todos os processos criminosos que hoje sabemos tipificar. Na altura, e até 1980 (1980, não estou enganada), os aborígenes não estavam contabilizados como cidadãos australianos. Eram menos que bichos. Só muito recentemente, já recensiados, passaram a ter direito a voto.

Hoje, fizemos uma pausa de uma hora e meia e, num saltinho, fomos ver mais uma das exposições do Australian National Museum: "The First Australians".
Depois de um repositório que alude em tudo ao incómodo que a sua história trágica cria na actual sociedade australiana, um grande ecrã mostra imagens de hoje, forçando a valorização de algumas aspectos da integração de uma parte da população com origem em nativos e apresentando um pedido de desculpas.

A Anne contou-nos que, sendo esse o discurso político, a discriminação e o racismo dominam em muitos cantos da Austrália. Em Sidney, por exemplo, há bairros xenófobos onde os aborígenes não entram e grupos racistas de skin heads, prontos para as sua distrações inqualificáveis.



Best in Australian Native Food



O dia de ontem foi o mais social desde que chegámos.

O Xico esteve num meeting aberto do projecto TRANZFOR. Eu fui lá ter à tarde, ouvir umas palestradas para perceber melhor o que aquilo é.

À noite, fomos jantar fora com o Jean-Michel (coordenador do projecto), a Anne (a sua mulher neo-zelandesa) e dois jovens franceses, alunos de doutoramento. O restaurante escolhido, nos arrabaldes de Canberra (Manuka), servia Australian native food: carne de ema e de canguru grelhada, salada com frutos do bush, batatas assadas com especiarias e batatas fritas com maionese de frutos vermelhos. Tudo me pareceu interessante mas sem capacidade de competir com uma boa posta mirandesa ou com qualquer outro grelhado de vitela tenrinha que cozinhamos em Portugal. Também bebemos vinho australiano, não excepcionalmente bom. Só o pão era delicioso: de farinha escura e feito numa caçoila (tipo “bolo do caco”), servido como entrada com molho de alho e tomilho australiano, manteiga de macadamia e oléo de macadamia com especiarias.

A conversa foi animadíssima, quase sempre em francês (na Austrália é um pouco estranho...). Rimo-nos com disparates e piadas parvas, e falámos também de coisas mais sérias sobre a história da Austrália e da Nova Zelândia, inspirados pelo conhecimento da Anne. Ficámos a saber que este casal é aficionado da música irlandesa, ele toca fidle, e vão todas as semanas a um pub, participar num jam. Ficou logo combinado que, quando fossem a Lisboa, faríamos uma grande festa em nossa casa: o Pedro está sempre preparado, o Miguel tem lá as suas músicas que sabe acompanhar na guitarra e o Xico continua com os treinos de harmónica, agora com mais este incentivo.

Em Christchurch, voltaremos a encontrar o Jean Michel e a Anne.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Sinais de trânsito

[Este post é dedicado ao meu filho Miguel]

Na Austrália, há uma variedade considerável de sinais de trânsito, bem diferentes dos que conhecemos no nosso país. Alguns deles, por razões específicas, não existem em mais parte nenhuma do Mundo. Adivinhem lá o que querem dizer os losangos, os quadrados e os redondos amarelos, com simbologia tão figurativa e original.




Apesar de este sinal estar colocado nos contrafortes dos Alpes australianos, não há registo que os cangurus façam ski ou usem sticks. Este foi "transformado", claro está.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O nosso livro de viagens

Há já alguns anos que, em todas as viagens, mesmo nas mais caseiras, levamos connosco um caderno de capa preta, um sempre escolhido moleskin, a que chamamos "o nosso livro de viagem". Também nesta viagem, e apesar do blog onde nos propusemos narrar quotidianos e aventuras, trouxemos "o nosso livro de viagem". Espontaneamente, entre mim e o Xico, as tarefas repartiram-se: a mim não me apetece escrever no caderninho, ele astá avesso ao blog.
Mas como as duas coisas só podem servir-nos de registo de memórias e emoções, eu não resisto a transcrever para aqui algumas passagens do caderno. E é até curioso verificar como as duas experiencias de escrita aparecem tão complementares. A do Xico, como se poderá ver, muito mais intima e minuciosa.

24/10/09
Sábado. Uma semana passou e este pobre diário não teve nenhuma atenção. Em contrapartida, o seu irmão "blog" prosperou em genica e visitação, impulsionado pela Bézinha.

31/10/09
Na 5ª feira decidimos tirar o dia de folga. Alugámos um carro e fomos até uma reserva próxima de Canberra (a ca. 40km), sugerida pelo Miguel Cruz. O nome do sítio é Tidbinbilla. Apesar de próximo da cidade, sofremos até lá chegar. Para além da condução pelo lado esquerdo, que me pôs os nervos em franja, enganámo-nos e andámos perdidos pelos arrabaldes de Canberra. Mas lá chegámos, algum tempo depois do previsto. (...) A Bé, numa tarde de inspiração e olho para o mamífero marsupial, conseguiu encontrar um koala! Foi no fim da tarde, com uma luz bonita, numa zona de eucaliptal alto. Comecámos a ouvir um macho a chamar: um barulho que parece um javali, que eu achava que já tinha ouvido num programa de televisão (confirmámos mais tarde, na internet). Depois, já noutro local, a minha pisteira consegue desencantar um koala no meio de um tronco alto de eucalipto. Ficámos alguns minutos a deliciarmo-nos a ver o bicho, a dormir de um lado para o outro da árvore.

01/11/09
O Jardim é espectacular. Gostei particularmente da parte da Rainforest Gully, um trilho muito sombrio e cheio de fetos arbóreos. Gostei também de ver as plantas australianas adaptadas ao fogo, como as Banksia e as Hackea. (...)

Hoje levantámo-nos cedinho, como sempre. Decidimos trabalhar à tarde, mas passar a manhã a passear. Fomos fazer mais uma das ciclovias à volta do Lago, desta vez com o fito de ir até ao Old Bus Depot market, um mercado do tipo "Feira da Ladra" que há todos os Domingos nesse local. (...) Acabámos a comprar um pão com espinafres e queijo ricotta, que trouxemos para o almoço, e um frasco de compota que a Bé acha deliciosa (eu ainda não provei). Havia também uma parte com pequenas tascas, e fomos comer uns petiscos "Thai" (uns spring rolls e uma espécie de chamuças), acompanhados por um suminho de laranja natural. Soube que nem gingas!

domingo, 1 de novembro de 2009

Começa a terceira semana em Canberra

Estamos em Canberra há 15 dias e conhecemos já todas as potencialidade de estar por aqui. Entre outras coisas, percebemos que Sábado e Domingo são óptimos dias para trabalhar, por exemplo, na biblioteca. Agora que o jet lag já foi definitivamente afastado, e que ficámos um pouco mais sossegados com as notícias que chegaram ontem de Lisboa acerca da melhoria do estado de saúde do meu avô, estamos duplamente concentrados nas tarefas que a nós próprios nos impusemos: escrever artigos, preparar comunicações, redigir projectos, etc. Mas vamos tirando umas horinhas para explorar a envolvente. O dia de hoje repartiu-se com uma ida a um mercado semanal, numa antiga estação de camionagem (Old Bus Depot), e o trabalho do costume.
Logo de manhã, de bicicleta, fizemos os cerca de 5 km que separam a nossa casa desse local de peregrinação domingueira. Os habitantes da cidade são como eu: gostam de feiras.
Ao longo da margem do Lago, descobrimos algumas áreas onde ainda não tínhamos passado (por exemplo, a National Gallery of Australia, onde queremos voltar um dia destes, para visitar). Neste percurso, atravessa-se ainda o High Court of Australia: um passadiço empedrado com uma fiada de pequenas placas onde se exibem fotografias de cidadãos australianos, distinguidos em cada ano. O local está preparado para homenagear muita gente, pois há suportes vazios que dão pelo menos para mais 10 anos. No meio de muitos notáveis, descobrimos o Antonio Milhinhos, por certo um grande portuga, considerado em 2007 como o sénior mais distinto da Austrália!
No mercado, "matámos o bicho" com umas especialidades do Laos e um sumo de laranja natural. E comprámos compota de frutos vermelhos, e pão com espinafres e queijo ricotta para o nosso almoço, já em casa.