quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Moas e kiwis

Quando os primeiros humanos chegaram à Nova Zelândia, apenas há 800 anos, existiam nas ilhas 12 espécies diferentes de moas, aves não-voadores algumas de grandes dimensões. Habitavam as áreas mais abertas, os matos e as florestas. O seu comportamento evoluíra na ausência de predadores, pelo que todos os seus encontros com os maoris resultavam em fáceis matanças.
A uma velocidade quase inexplicável, dada a pequena população humana fundadora e a extensão e complexidade geomorfológica e ecológica do território, todas as espécies de moas se extinguiram. A História regista que quando os primeiros brancos chegaram às ilhas, em meados do século XVIII, já as moas estavam no limiar da extinção.
Apesar da diferença de escalas, há nestes relatos uma grande similitude com a triste história dos Dodôs das Maurícias. Aí, os agentes da destruição foram os navegadores portugueses.
As moas permanecem no imaginário dos neo-zelandeses e a sua extinção global não é reconhecida por todas as pessoas. Como em outros locais deste planeta, alguns teimosos insistem em procurar criaturas estranhas (por exemplo, o ieti e o monstro do Lago Ness). Próximo de Arthur’s Pass, um “avistamento” de uma moa, deu nome e popularidade a um pequeno restaurante e motel. As estátuas alusivas são o que resta destas espécies.


Biologicamente aparentadas com as moas, há 4 espécies de kiwis, todas elas classificadas como ameaçadas.

Nos próximos dias, visitaremos algumas das poucas áreas onde os kiwis estão ainda presentes. Mas porque são animais nocturnos, não há grande expectativa de podermos vê-los. Talvez ouvi-los: kiweeee, kiweeee.

O nosso livro de viagens II

Tal como fiz na Austrália, trancrevo para aqui algumas das notas que o Xico tem deixado no "livro de viagens".

(...) tivemos assim o primeiro contacto com os "Alpes Neo-Zelandeses": encostas ingremes, cobertas de florestas de Notophagus (uma espécie de faia do hemisfério Sul) que chegam praticamente até ao limite da neve. (...)

(...) Uma ultima nota para os nativos: parecem ser simplórios e simpáticos. Mal vestidos, com alguma frequência veem-se a passar descalços na rua. Veem-se também muitos asiáticos. Talvez porque os há em grande número aqui na Universidade de Canterbury. Vê-se também gente com fisionomia maori, mas são menos frequentes.

(...) Ao pé de Kaikoura há um grande vale submerso que faz com que se aproximem da costa criaturas das grandes profundidades. Umas delas são os cachalotes. Fizemos duas observações fantásticas, com aqueles monstros a respirar calmamente à superficie antes de mergulharem para as profundezas durante 30 ou 45 minutos. Para além dos cachalotes, vimos diversas espécies de aves marinhas, incluindo gigantescos albatrozes e vários petrels. No regresso, um grupo de golfinhos (Duski dolphins) veio até ao barco presentear-nos com umas piruetas.

(...) A Bé estava um pouco reticente, que tinha frio e não queria estar de fato de banho na rua. Mas assim que se viu naqueles caldinhos, era vê-la a saltar de piscina em piscina, para temperaturas cada vez mais quentes até aos 41º.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Mais sobre a ilha do Sul

Tal como prevíamos, esta última semana na Nova Zelândia tem sido bastante preenchida.

No fim de semana, no regresso de Kaikoura, passámos ainda pelas montanhas adjacentes, completando o itinerário que os roteiros turísticos chamam “O Triângulo Alpino”. Fomos a Hanmaer Springs, um vilório termal onde piscinas a céu aberto, com água carregada de sais e a temperaturas próximas do 40ºC, fazem muitas delícias. Eu estava muito reticente: tirar o forro polar e pôr-me em fato-de-banho, no meio daquele frio? Como nos diziam que era muito tonificante e saudável, fomos experimentar.
Gostámos imenso dos banhos, dos rios de montanha e das florestas nativas que podemos contemplar ao princípio da tarde, antes de voltar a Christchurch.



Ao final da tarde de ontem, saímos de Christchurch com um colega do Xico e fomos, proximo da casa dele, vislumbrar algumas aves aquáticas. A mais aguardada era aquela do bico torto. Significativamente, chama-se Wrybill.
Jantámos e dormimos na casa dele. Hoje, levou-nos à base do Monte Cook (mais de 3700 metros de altitude) para mostrar um trabalho experimental que desenvolve numa área ardida. Eu não sou dos que dizem que uma imagem vale mais que mil palavras. Há palavras para descrever esta paisagem. Mas fiquem lá com as imagens destes 3 lagos: o Tekapo, de um turquesa brilhante, faz as delícias dos “turistas japoneses”, o seu vizinho, de um azul profundo, reflecte uma rocha de natureza diferente; o Pukaki, enorme e como o Tekapo, de origem glaciar, apresenta a mesma imponência turquesa.

domingo, 22 de novembro de 2009

Kaikoura

Kaikoura é o nome de uma península a cerca de 170 Km a norte de Christchurch. Aí se localiza uma pequena povoação com o mesmo nome, onde todos os habitantes, directa ou indirectamente, se dedicam a um turismo baseado na observação de cetáceos. A paisagem é soberba, o que também ajuda.
Uma população residente de jovens machos de cachalote, e muitos indivíduos de outras espécies de baleias e golfinhos, exploram um habitat marinho de elevada produtividade. O local é ainda escolhido por uma espécie de leões-marinhos, que aqui tem uma colónia. A explicação está na geomorfologia submarina: a um milha da costa, um canion dá inicio a uma fossa submarina profundíssima. Esta resulta da junção da placa australiana com a placa antárctica.
À superfície, os fenómenos tectónicos são também muito evidentes. Os terrenos de Kaikoura, enquadrados por montanhas cujos terrenos também já estiveram submersos, estão a levantar-se a uma taxa de 3 mm por ano!
Este sábado, estava o dia encoberto e o mar ligeiramente alterado, tivemos uma saída MUITO BEM SUCEDIDA para observar cachalotes. Aqui ficam algumas das imagens de Kaikoura e das nossas observações de fauna marinha.


imagem da península, com a maré baixa

saímos num barco igual a este

na imagem, um cachalote (um dos maiores predadores marinhos) e um albatroz (a maior criatura voadora com 3,6 metros de envergadura)

depois de alguns minutos de observação à superficie, o cachalote mergulhou para as águas profundas



colónia de leões-marinhos