sábado, 14 de novembro de 2009
Christchurch, Nova Zelândia
Pela tarde de ontem, depois de mais uma etapa desta travessia, chegámos finalmente aos antípodas. Neste planeta, não é possível estarmos mais longe de casa.
Depois de nos instalarmos no Campus da Universidade de Canterbury (nome da região onde a cidade se insere), o que implicou ir ao supermercado comprar comida e arranjar uma ligação à internet (sem a qual não poderíamos trabalhar e o nosso blog ficaria abandonado), repousámos no apartamento que nos destinaram. Não é tão cómodo e equipado como o de Canberra, mas é sossegado e tem o essencial para nos aguentarmos nas próximas duas semanas.
Hoje, fomos à cidade de autocarro. São cerca de 5 quilómetros através dos subúrbios. Como não temos bicicletas, temos que usar este meio de transporte.
Logo à chegada, cruzámo-nos ainda com uma concentração de motards que terminou em frente à Catedral, com umas discursatas políticas contra o pagamento de taxas e impostos. Ninguém parece incomodar-se com um vento forte que chega à região vindo da Antárctida. Esta Primavera está gelada.
Estamos numa semana de festividades e há grande animação pelas ruas, com representações e concertos em cada esquina. Joga-se xadrez no empedrado da praça. Um countdown anuncia os dias que faltam para o próximo Campeonato Mundial de Râguebi, a realizar em 2011, aqui mesmo em Christchurch.
Depois de nos instalarmos no Campus da Universidade de Canterbury (nome da região onde a cidade se insere), o que implicou ir ao supermercado comprar comida e arranjar uma ligação à internet (sem a qual não poderíamos trabalhar e o nosso blog ficaria abandonado), repousámos no apartamento que nos destinaram. Não é tão cómodo e equipado como o de Canberra, mas é sossegado e tem o essencial para nos aguentarmos nas próximas duas semanas.
Hoje, fomos à cidade de autocarro. São cerca de 5 quilómetros através dos subúrbios. Como não temos bicicletas, temos que usar este meio de transporte.
Logo à chegada, cruzámo-nos ainda com uma concentração de motards que terminou em frente à Catedral, com umas discursatas políticas contra o pagamento de taxas e impostos. Ninguém parece incomodar-se com um vento forte que chega à região vindo da Antárctida. Esta Primavera está gelada.
Estamos numa semana de festividades e há grande animação pelas ruas, com representações e concertos em cada esquina. Joga-se xadrez no empedrado da praça. Um countdown anuncia os dias que faltam para o próximo Campeonato Mundial de Râguebi, a realizar em 2011, aqui mesmo em Christchurch.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Austrália, tanta Natureza
Voamos sobre o Mar da Tasmânia, a mais de 3000 metros de altitude. Para trás, ficaram quase as paisagens australianas, recheadas de escarpas abruptas, bosques de eucaliptos, de pitosporos, de banksias, de cedros vermelhos, de fetos arbóreos e de palmeiras. Ficaram também as equidnas e os ornitorrincos (nos rios, bem os procuramos …), os únicos mamíferos que põem ovos, e os cangurus, wallabis, potorus e wombats, todos estes marsupiais.
Nos últimos 3 dias, deixámos Canberra (que numa das línguas aborígene significa “meeting point”) e a região do planalto para rumar à costa leste, cruzando a banda mais verde (e também a mais populosa, ainda assim extensamente selvagem) desta ilha que é um continente. E porque tudo é tão imenso e tão variado, foi possível, numa travessia de 300 quilómetros, visitar uma apreciável variedade de ecossistemas e paisagens cénicas.
Ao longo de toda a costa leste da Austrália, desenha-se uma linha longitudinal de escarpas acobreadas que marca uma fronteira geológica, climática e ecológica, que no território é designada por “Great Dividing Range”. Acima desta ruptura, o ambiente é mais seco e continental. Aí implantaram a capital. Os cursos de água que nascem no planalto, despenham-se em cascatas sobre encostas verdes e húmidas que descem até uma plataforma costeira. É nesta faixa, onde se condensa o ar do Pacifico, que as florestas das chuvas encontram as condições adequadas. Mais próximo da costa, outras florestas, ainda outras, e matos costeiros alternam com áreas agrícolas e urbanas.
No primeiro dia (10 de Novembro), saída do Campus da ANU pela manhã e parámos no canto norte do Morton National Park (Fitzroy Falls): por um trilho ao longo da escarpa atravessámos uma floresta com enormes eucaliptos, atravessando riachos e observando as cascatas e o manto verde que, a perder de vista se observava daí para leste. Depois, já de carro, descendo a escarpa por uma estrada sinuosa e inclinada, seguimos para Kangoroo Valley, uma área predominantemente agrícola, onde as pastagens de um verde vivo contrastam com o acinzentado dos eucaliptos. Daí, seguimos ainda para Jervis Bay National Park, área com a maior diversidade de habitats costeiros de toda a costa leste (incluindo mangais!). Foi em Currarong que pernoitámos, num B&B mesmo à beira da praia. Da varanda, disseram-nos, ainda no dia anterior tinha visto alguns cachalotes, em migração para as águas frias do Antárctico.
No dia seguinte, depois de um pequeno-almoço na varanda (com ovos mexidos mas sem a recompensa do avistamento desejado), seguimos por um trilho que contornava a península e nos levava por uma grande diversidade de matos e bosques, tocando praias de areia branca (as mais brancas do Mundo, gabam-se os australianos) e arribas rochosas. No regresso ao B&B, vestimos os fatos de banho e experimentámos a água agradavelmente tépida e o Sol excepcionalmente forte. A areia, finíssima e incomparavelmente alva, funcionam como um reflector perigoso para qualquer pele, mesmo para a de dois ibéricos saídos, não há muito tempo, da época balnear. Depois de uma merenda improvisada, corremos a visitar o outro lado da baia onde as praias são ainda mais brancas, saltámos até uma grande lagoa costeira onde habitam pelicanos e voltámos a Kangoroo Valley. Tínhamos que voltar porque a área é a melhor da Austrália para ver wombats, uma espécie de porquinhos marsupiais que, desde a nossa visita a Tindbinbilla, ansiávamos encontrar. Ao final da tarde, junto ao Campsite de Bendeela, mais de uma dezena destes cofres peludos, plácidos e amistosos como não sabíamos que seriam, pastavam na erva fresca. Daí a surpresa, e a maravilha! Pela noite, voltamos a Currarong, e deixamo-nos embalar pelo murmúrio das ondas. Depois duas jornadas de caminhadas, nas pernas já acumuladas umas dezenas de quilómetros, o corpo começava a fraquejar. Mas nada que 8 horas de sono não recuperassem.
No nosso último dia na Austrália, queríamos ainda visitar as florestas das chuvas. Por isso, saímos cedo de Jervis Bay e rumámos de novo para a encosta da escarpa. Em pleno Buderoo National Park, ao longo dum vale que se desenha abaixo da escarpa, encontra-se Minnamura Rainforest. Em língua aborígene, Minnamura significa “plenty of fish”.
Minnammura é um local incrivelmente belo, com uma vegetação pujante e uma particularidade ornitológica: nestas florestas, habita o maior passeriforme do Mundo. Talvez tenhamos ido ao sítio certo, talvez lá tenhamos estado na hora certa, nunca o saberemos. A verdade é que, depois de escutarmos o seu canto potente e variado, vimos um macho de ave-lira, em parada nupcial: por entre a vegetação, a esgravatar no chão, rodopiando e encurvando mexendo para trás e para a frente as suas compridas penas da cauda. Noutros dois pontos do percurso, a poucos metros do trilho, vimos ainda mais duas fêmeas, raspando na folhagem e nos musgos que revestiam as pedras, à procura de alimento.
Restava-nos preparar o regresso a Sidney, desviando-nos da estrada principal e atravessando o Royal National Park, o mais antigo parque nacional da Austrália e o segundo mais antigo do Mundo (depois de Yellowstone). Chegando às portas de Sidney, este ocupa uma área vastíssima a sul da cidade, do Pacífico até às montanhas, que aqui se aproximam da costa (tal como a Arrábida ou Sintra).
Entramos em Sidney sob uma intensa trovoada de fim de tarde e um calor abrasador. Estava explicado porque atravessáramos bosques tão verdes e tão densos, onde palmeiras se destacavam pelo meio de cedros vermelhos e eucaliptos! Jantamos no McDonalds e dormimos no Formula 1 do aeroporto. Não havia energia para mais, e aguardava-se uma noite também curta.
Às 6 da manhã, já preparávamos as malas. Depois de entregarmos o carro que nos passeara por tanta Natureza, preparámo-nos para embarcar com um saboroso pequeno-almoço.
Nos últimos 3 dias, deixámos Canberra (que numa das línguas aborígene significa “meeting point”) e a região do planalto para rumar à costa leste, cruzando a banda mais verde (e também a mais populosa, ainda assim extensamente selvagem) desta ilha que é um continente. E porque tudo é tão imenso e tão variado, foi possível, numa travessia de 300 quilómetros, visitar uma apreciável variedade de ecossistemas e paisagens cénicas.
Ao longo de toda a costa leste da Austrália, desenha-se uma linha longitudinal de escarpas acobreadas que marca uma fronteira geológica, climática e ecológica, que no território é designada por “Great Dividing Range”. Acima desta ruptura, o ambiente é mais seco e continental. Aí implantaram a capital. Os cursos de água que nascem no planalto, despenham-se em cascatas sobre encostas verdes e húmidas que descem até uma plataforma costeira. É nesta faixa, onde se condensa o ar do Pacifico, que as florestas das chuvas encontram as condições adequadas. Mais próximo da costa, outras florestas, ainda outras, e matos costeiros alternam com áreas agrícolas e urbanas.
No primeiro dia (10 de Novembro), saída do Campus da ANU pela manhã e parámos no canto norte do Morton National Park (Fitzroy Falls): por um trilho ao longo da escarpa atravessámos uma floresta com enormes eucaliptos, atravessando riachos e observando as cascatas e o manto verde que, a perder de vista se observava daí para leste. Depois, já de carro, descendo a escarpa por uma estrada sinuosa e inclinada, seguimos para Kangoroo Valley, uma área predominantemente agrícola, onde as pastagens de um verde vivo contrastam com o acinzentado dos eucaliptos. Daí, seguimos ainda para Jervis Bay National Park, área com a maior diversidade de habitats costeiros de toda a costa leste (incluindo mangais!). Foi em Currarong que pernoitámos, num B&B mesmo à beira da praia. Da varanda, disseram-nos, ainda no dia anterior tinha visto alguns cachalotes, em migração para as águas frias do Antárctico.
No dia seguinte, depois de um pequeno-almoço na varanda (com ovos mexidos mas sem a recompensa do avistamento desejado), seguimos por um trilho que contornava a península e nos levava por uma grande diversidade de matos e bosques, tocando praias de areia branca (as mais brancas do Mundo, gabam-se os australianos) e arribas rochosas. No regresso ao B&B, vestimos os fatos de banho e experimentámos a água agradavelmente tépida e o Sol excepcionalmente forte. A areia, finíssima e incomparavelmente alva, funcionam como um reflector perigoso para qualquer pele, mesmo para a de dois ibéricos saídos, não há muito tempo, da época balnear. Depois de uma merenda improvisada, corremos a visitar o outro lado da baia onde as praias são ainda mais brancas, saltámos até uma grande lagoa costeira onde habitam pelicanos e voltámos a Kangoroo Valley. Tínhamos que voltar porque a área é a melhor da Austrália para ver wombats, uma espécie de porquinhos marsupiais que, desde a nossa visita a Tindbinbilla, ansiávamos encontrar. Ao final da tarde, junto ao Campsite de Bendeela, mais de uma dezena destes cofres peludos, plácidos e amistosos como não sabíamos que seriam, pastavam na erva fresca. Daí a surpresa, e a maravilha! Pela noite, voltamos a Currarong, e deixamo-nos embalar pelo murmúrio das ondas. Depois duas jornadas de caminhadas, nas pernas já acumuladas umas dezenas de quilómetros, o corpo começava a fraquejar. Mas nada que 8 horas de sono não recuperassem.
No nosso último dia na Austrália, queríamos ainda visitar as florestas das chuvas. Por isso, saímos cedo de Jervis Bay e rumámos de novo para a encosta da escarpa. Em pleno Buderoo National Park, ao longo dum vale que se desenha abaixo da escarpa, encontra-se Minnamura Rainforest. Em língua aborígene, Minnamura significa “plenty of fish”.
Minnammura é um local incrivelmente belo, com uma vegetação pujante e uma particularidade ornitológica: nestas florestas, habita o maior passeriforme do Mundo. Talvez tenhamos ido ao sítio certo, talvez lá tenhamos estado na hora certa, nunca o saberemos. A verdade é que, depois de escutarmos o seu canto potente e variado, vimos um macho de ave-lira, em parada nupcial: por entre a vegetação, a esgravatar no chão, rodopiando e encurvando mexendo para trás e para a frente as suas compridas penas da cauda. Noutros dois pontos do percurso, a poucos metros do trilho, vimos ainda mais duas fêmeas, raspando na folhagem e nos musgos que revestiam as pedras, à procura de alimento.
Restava-nos preparar o regresso a Sidney, desviando-nos da estrada principal e atravessando o Royal National Park, o mais antigo parque nacional da Austrália e o segundo mais antigo do Mundo (depois de Yellowstone). Chegando às portas de Sidney, este ocupa uma área vastíssima a sul da cidade, do Pacífico até às montanhas, que aqui se aproximam da costa (tal como a Arrábida ou Sintra).
Entramos em Sidney sob uma intensa trovoada de fim de tarde e um calor abrasador. Estava explicado porque atravessáramos bosques tão verdes e tão densos, onde palmeiras se destacavam pelo meio de cedros vermelhos e eucaliptos! Jantamos no McDonalds e dormimos no Formula 1 do aeroporto. Não havia energia para mais, e aguardava-se uma noite também curta.
Às 6 da manhã, já preparávamos as malas. Depois de entregarmos o carro que nos passeara por tanta Natureza, preparámo-nos para embarcar com um saboroso pequeno-almoço.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
O último jantar
Adeus, goodbye, au revoir, arrivederci
A Australian National University é talvez a mais poliglota academia do Mundo. Há muitos sinais desta característica. Eu elegi este pequeno cartaz, fotografado na casa de banho da biblioteca.
Despedida do Campus
O dia de hoje promete ser muito comprido. Levantei-me às 6:00, para aproveitar o final do Domingo em Lisboa, uma boa hora para comunicações no Skipe. Saltei para o email, e mandei pacotes de mensagens, quase só com coisas de trabalho. Lavei e sequei duas máquinas de roupa. Depois do almoço, foi preciso limpar e arrumar tudo: é suposto deixar apartamento"como o encontrámos". Depois de mais mensagens à tarde (os destinatários recebem-nas às 4 ou 5 da madrugada), as malas feitas, dedico-me ao blog. Daqui a meia-hora, um colega do Xico vem buscar as "nossas biclas" e leva-nos para jantar em casa dele.
Amanhã de manhã, deixaremos Canberra e o Campus da ANU. Há uma certa nostalgia nesta frase, acho que se nota. As 3 semanas que aqui passámos, correram num ápice. No apartamento, vivemos o espaço, apropriámo-nos dele. Apesar das saudades da nossa casa (e da familia, e dos amigos), estávamos aqui muito bem. Assim se passou a primeira metade desta viagem.
Aguardam-nos 3 dias de passeio: vamos rumar para norte, mais próximo da costa. Contamos ver muita Natureza deslumbrante. No dia 12, dormimos num dos hoteis do aeroporto de Sydney, para poder sair no dia 13 às 6 horas, e apanhar o avião para Christchurch.
As imagens de hoje, são uma despedida do Campus.
Amanhã de manhã, deixaremos Canberra e o Campus da ANU. Há uma certa nostalgia nesta frase, acho que se nota. As 3 semanas que aqui passámos, correram num ápice. No apartamento, vivemos o espaço, apropriámo-nos dele. Apesar das saudades da nossa casa (e da familia, e dos amigos), estávamos aqui muito bem. Assim se passou a primeira metade desta viagem.
Aguardam-nos 3 dias de passeio: vamos rumar para norte, mais próximo da costa. Contamos ver muita Natureza deslumbrante. No dia 12, dormimos num dos hoteis do aeroporto de Sydney, para poder sair no dia 13 às 6 horas, e apanhar o avião para Christchurch.
As imagens de hoje, são uma despedida do Campus.
domingo, 8 de novembro de 2009
Jardim das esculturas
Mais um Domingo partilhado entre lazer e trabalho. Mais uma ida ao mercado pela manhã. Mais sumo de laranja, mais pão e ainda uma grande prenda para o Xico: um chapéu australiano! No regresso, passámos pela National Galery of Australia, para uma breve visita à exposição dos artistas australianos. Algumas obras muito interessantes dos artistas de origem aborígena, mas não só.
E antes de regressarmos a casa, fizemos ainda uma visita ao jardim das esculturas, o único local da NGA onde nos deixaram tirar fotografias.
E antes de regressarmos a casa, fizemos ainda uma visita ao jardim das esculturas, o único local da NGA onde nos deixaram tirar fotografias.
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