Quando menos esperamos, mesmo os livros que já sabiamos maravilhosos continuam a surpreender-nos.
Depois desta viagem tão para sul, e de estar na ilha do sul deste país do sul, revelou-se-me a cosmovisão desta personagem de romance, agarrada a uma aldeia imaginada ao sul de Portugal, no Barrocal Algarvio.
"Tudo parado. Carminha deixou-se estar. Para além das casas, a estrada. Para além da estrada, o mato. Para além do mato os figueirais, e as outras terras, e as outras ainda. Para além de todas as terras, o mar. Para além do mar o sul, e no caminho do sul mais extremo, o bojo da terra, e para além do bojo da terra. No fundo dos escuros, das noites e dos dias. Muito para além de tudo isso. Ainda para além do sul tão extremo, que já passa a ser norte em relação ao que ainda resta, nessa direcção. Dormirá o soldado, se ainda por essas bandas for hora de dormir. Porque lá. Dizem. Anda tudo ao contrário. As chuvas e o estio. O frio e o calor."
in Lídia Jorge, "O Dia dos Prodígios", EEA, p.96 .
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
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